Alqueidão da Serra - os Romanos andaram por aqui!

 

O troço da via Romana de Alqueidão da Serra

Até onde nos leva esta estrada?

Actualmente não nos levará muito longe, já que este troço de calçada se estende somente por alguns metros.
Mas no inicio do primeiro milénio, fazia parte de uma extensa rede de estradas construídas pelos romanos, para ligar todo o império.
Quem não ouviu dizer que "todos os caminhos vão dar a Roma"?



O troço da via romana em Carreirancha, conhecida por estrada romana de Alqueidão da Serra, tem  4 metros de largura e mais de 300 metros de comprimento, e supõe-se que terá sido construída entre o século I a.C e I d.C.. 

Junto à via foram encontrados vestígios romanos e escórias de origem metalúrgica. 

Terá sido reconstruída em Época Medieval, como sugere a disposição em espinha com marcador central.



Faria parte de um itinerário que ligava importantes cidades na época romana.

Apartir de  Collippo  (a importante civitas ou cidade, hoje desaparecida, localizada 5 milhas a sul de Leiria), esta via passaria por Alqueidão da Serra e possivelmente seguiria por Mira d'Aire e Moitas Vendas em direção ao Tejo, ligando-se ao importante itinerário XVI que ligava Olisipo (Lisboa) a Bracara Augusta (Braga), no troço Seilium (Tomar) - Scallabis (Santarém).



As estradas romanas tinham três estatutos: 
- as Viae Publicae, as grandes vias construídas com fundos públicos e que recebiam o nome do seu promotor. Era nestas estradas que circulava o serviço postal (cursus publicus) que permitia uma rápida comunicação entre todos os locais estratégicos do império;
- as Viae Vicinales, estradas secundárias que interligavam as grandes vias;
- e as Viae Agrari ou Privatae  que eram caminhos agrícolas ou privados.

Percurso da via romana
em pior estado de conservação

O traçado das vias romanas está em permanente actualização, à medida que novos vestígios vão sendo descobertos e o seu estudo sendo aprofundado. 

Além das pontes e dos Marcos Miliários, colocados a mil passos entre si e que serviam para marcar a distância em milhas romanas (1.418 m), existem outros vestígios que apontam para a existência de uma via: 

- Os locais de alojamento como as Mansiones, casas sumptuosas destinadas a albergar viajantes ilustres e funcionários do estado. Estavam distribuidas ao longo das vias a uma distância de um dia de viagem. Estas "mansões", podem ser facilmente confundidas com villae, as grandes quintas agrícolas que se iam instalando ao longo das estradas onde mais facilmente poderiam escoar os seus produto.
Mas para os viajantes menos ilustres havia outro tipo de acomodações como as Tabernae, um género de albergue e as Cauponae, para as classes mais baixas;

- as Mutationes,  eram locais para mudar de cavalos, descansar e saciar a fome dos viajantes. Em muitas destas estações existiam ferreiros, carpinteiros e outros ofícios que prestavam assistência aos viajantes e aos animais, assim como mercadores que vendiam os seus produtos. Por vezes as mutationes estavam integradas em aglomerados populacionais mas outras estavam isoladas, sendo que a distância entre elas corresponderia a meio dia de caminho, mais ou menos 10 a 12 milhas, ou seja entre 15 e 18 km;

- por vezes, em locais estratégicos das vias, existiam pequenas guarnições militares, por vezes fortificadas, as Stationes;

- as necrópoles, sobretudo em meios urbanos, eram frequentemente dispostas ao longo das vias, mas fora das cidades, de acordo com a lei romana;

- a existência de vestígios de villae, de pequenos povoados ou de zonas de extracção mineira também são indicadores da possibilidade  de passagem de uma via nas proximidades.

O lugar de Casais dos Vales
visto da estrada romana

É, no entanto, um erro pensar que todas as estradas calcetadas são estradas romanas, já que estas poderiam ser de cascalho ou até mesmo de terra batida. 

As estradas romanas apresentam várias soluções de construção, consoante as características topográficas e climatéricas, mas também dos materiais disponíveis no local.

Muitas destas vias continuaram a ser usadas ao longo dos séculos, e algumas foram mesmo cobertas pelo alcatrão das estradas actuais.

Os grandes blocos de calcário existentes na região
foram utilizados na construção da via

O Troço de Via romana em Alqueidão da Serra fez parte da rede principal de estradas do Império Romano na Península Ibérica e foi classificado como Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto nº 29/90. 

Está incluído na Área Protegida das Serras de Aire e Candeeiros

O parque de merendas
no inicio da calçada romana




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