Cardiga - Uma quinta cheia de histórias

 


A torre de menagem mantém-se firme e determinada no seu ancestral propósito de vigiar o Tejo. 

É o que resta do antigo castelo Templário que juntamente com Almourol e Zêzere, vigiavam esta zona de fronteira sobranceira ao rio.







A seus pés, virado para o Tejo, o imponente palácio com os vértices disfarçados por bonitos torreões circulares, e com os sinais de desgaste camuflados com as folhas das trepadeiras.





Junto ao palácio, as inúmeras construções de apoio à agricultura, antigos lagares e adegas, armazéns e oficinas, estábulos e cavalariças, estão ociosamente vazios e à beira da ruína.



Ainda se vêem cortinas nas casas dos trabalhadores, agora esburacadas e amarelentas, de tanto aguardarem por novos habitantes. 
Na escola já não se ouvem os gritos das crianças no recreio, nem na Capela as ladainhas dos crentes.





A Quinta, outrora buliçosa e atarefada, hoje está silenciosa e parada no tempo. 
O seu semblante decrépito não lhe retira de todo a magia, e a Cardiga, tal como nos seus tempos áureos, ainda é local para passeios agradáveis e inesquecíveis.



Mas vamos conhecer um pouco da história desta quinta ribatejana.
Os terrenos da Cardiga foram doados por D. Afonso Henriques aos Templários em 1169, como recompensa pelo contributo que deram na conquista de Santarém e no cerco de Lisboa.
O castelo terá sido construído/reconstruído em 1171 por Gualdim Pais, mestre da Ordem do Templo. 


A Ordem dos Templários foi extinta em 1312, e todos os bens, rendas e direitos, passaram a pertencer à Ordem de Cristo. 
Em 1321, a Cardiga é entregue aos monges como comenda, tendo de pagar 250 libras de renda/ano ao Convento de Tomar.
Em 1536, a comenda da Cardiga passa para a administração do Convento de Tomar e por volta de 1540, foram adquiridos mais terrenos e deu-se inicio à construção do palácio, projectado pelo arquitecto João de Castilho, também responsável pelas grandes obras efectuadas no Convento de Cristo. 



Cardiga torna-se então numa granja de veraneio com jardins e hortas, capela, estábulos e cavalariças, lagares, armazéns e casas de habitação para alguns empregados. Muitos outros  ter-se-ão instalado em povoados próximos como é o caso de São Caetano.
E foram muitos os reis, nobres e fidalgos que aqui pernoitaram até que, após a revolução liberal e a extinção das ordens religiosas, em 1836 a Quinta da Cardiga foi vendida em hasta pública por 200 contos de reis.



Desde então, a quinta e o palácio da Cardiga conheceram vários proprietários que continuaram a desenvolver intensa actividade agrícola. 
Até meados do século passado a quinta ainda produzia cereais, vinho, azeite de grande qualidade, dando emprego a muitos que, aqui chegados para as campanhas sazonais, por aqui foram ficando.
Além do conjunto arquitectónico recheado de diferentes estilos, é de realçar a importante variedade de painéis de azulejos, que vão desde o século XV ao séc XX.



Em 12 março de 1952, o IPAAR classificou o conjunto edificado da Quinta como de Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 38 673, DG, 1.ª série, n.º 57.







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