Cabo Mondego - as primeiras Pegadas de Dinossauros descobertas em Portugal
Os mineiros das Minas de Carvão do Cabo Mondego relataram a existência de "grandes fósseis muito curiosos" num local da praia atingido pelas ondas. Tratava-se de 15 contramoldes em relevo, todos semelhantes, que teriam sido produzidos por pés com três dedos, como os das aves.
Os contramoldes foram retirados do local e levados para o Museu Mineralógico e Geológico da Escola Politécnica (Lisboa) pela equipa de Jacinto Pedro Gomes que os descreveu e estudou, tendo mostrado os seus desenhos a vários investigadores internacionais com quem tinha contactos e percebendo que se tratava de pegadas de dinossauros.
O seu estudo, que resultou no primeiro trabalho com carácter científico sobre este tema desenvolvido em Portugal, só foi publicado 32 anos mais tarde (1915/1916), a título póstumo.
Na década de 50 do séc XX foram descobertas mais pegadas no Cabo Mondego.
Num local conhecido como "Laje do Costado", as camadas de calcário negro repletas de fendas de retracção apresentavam uma grande quantidade de pegadas distribuídas por três camadas sucessivas.
Seriam mais de 30 impressões de dinossauros terópodes mas que apresentavam uma morfologia diferente: umas de tamanho e forma semelhante às descritas por Gomes, com a impressão do "dedo polegar" (hallux) e 60 a 70 cm de comprimento; as outras seriam mais pequenas, com cerca de 30 a 40 cm, e mais estreitas. A maior parte destas impressões também foram retiradas do local.
Entre a "Pedra da Nau" e a "Laje do Costado" foram identificados oito níveis com pegadas de dinossauros.
O seu estudo, que resultou no primeiro trabalho com carácter científico sobre este tema desenvolvido em Portugal, só foi publicado 32 anos mais tarde (1915/1916), a título póstumo.
Pedra da Nau - Cabo Mondego Foi perto deste local que foram descobertas as primeiras pegadas em Portugal |
Na década de 50 do séc XX foram descobertas mais pegadas no Cabo Mondego.
Num local conhecido como "Laje do Costado", as camadas de calcário negro repletas de fendas de retracção apresentavam uma grande quantidade de pegadas distribuídas por três camadas sucessivas.
Seriam mais de 30 impressões de dinossauros terópodes mas que apresentavam uma morfologia diferente: umas de tamanho e forma semelhante às descritas por Gomes, com a impressão do "dedo polegar" (hallux) e 60 a 70 cm de comprimento; as outras seriam mais pequenas, com cerca de 30 a 40 cm, e mais estreitas. A maior parte destas impressões também foram retiradas do local.
Entre a "Pedra da Nau" e a "Laje do Costado" foram identificados oito níveis com pegadas de dinossauros.
Laje do Costado Por volta de 1950 foram aqui encontradas três camadas sedimentares com pegadas |
Alguns dos contramoldes naturais das pegadas de dinossauros retiradas do Cabo Mondego em 1884, assim como algumas das encontradas posteriormente, encontram-se em exposição no Museu Nacional de História Natural de Lisboa ... mas ainda restam ALGUMAS RARAS PEGADAS IN SITU QUE VALE A PENA CONHECER !!!
Na zona litoral do Cabo Mondego, o Jurássico Superior começa na "Pedra da Nau".
As primeiras camadas sedimentares foram formadas em ambientes marinhos pouco profundos mas à medida que se caminha de norte para sul, em direcção à Figueira da Foz, as camadas sobrepostas e os seus fósseis contam-nos que o mar pouco profundo foi desaparecendo, até a zona se transformar num ambiente lagunar, com vegetação intensa e onde passeavam dinossauros!!!!
Estas camadas sedimentares datadas do Jurássico Superior (Oxfordiano) pertencem a uma formação muito rica em fósseis vegetais que dá pelo nome de "Complexo carbonoso", de onde era extraído o carvão.
A sul da pequena enseada da "Pedra da Nau", olhos atentos conseguem distinguir uma única pegada que se encontra na parte inferior de um bloco calcário.
Trata-se de um contramolde e não de uma pegada propriamente dita, ou seja, a impressão que ficou na camada de sedimentos que cobriu e "preencheu" as cavidades produzidas pela pata no solo. Mede 55 cm de comprimento e 51 cm de largura e está rodeada também por contramoldes de marcas de ondulação.
Aqui pode-se vislumbrar um dos factores necessários para que a fossilização de uma pegada aconteça: uma camada de sedimento cobrir a depressão causada pelo pé/mão do animal, preservando-a.
Uns metros mais à frente encontramos a "Laje do Costado". Esta laje, embora pertença também ao Oxfordiano é mais recente e pertence à formação dos Calcários Hidráulicos que foram muito utilizados para a extracção de cimento e cal.
É de assinalar as inúmeras e muito perceptíveis fendas de dessecação ou de retracção, formadas devido à forte evaporação, indicando que o solo estava exposto ao ar.
Das mais de 30 pegadas aqui descobertas, restam apenas uma ou outra pegada isolada mas com muito má preservação e duas pegadas consecutivas. Com dedos finos e longos, medem cerca de 47 cm de comprimento e 48 cm de largura.
O Cabo Mondego foi classificado como Monumento Natural do Cabo Mondego, pelo Decreto Regulamentar n.º 82/2007, de 3 de outubro.
Esta classificação, que pecou por ser tardia, refere o seu interesse científico a nível da paleoicnologia dos dinossauros, mas não só!
Este é um local com um valor extraordinário para se estudar a evolução geológica da Terra ao longo de 50 milhões de anos.
Mas esse é um assunto para um próximo post!
As primeiras camadas sedimentares foram formadas em ambientes marinhos pouco profundos mas à medida que se caminha de norte para sul, em direcção à Figueira da Foz, as camadas sobrepostas e os seus fósseis contam-nos que o mar pouco profundo foi desaparecendo, até a zona se transformar num ambiente lagunar, com vegetação intensa e onde passeavam dinossauros!!!!
Estas camadas sedimentares datadas do Jurássico Superior (Oxfordiano) pertencem a uma formação muito rica em fósseis vegetais que dá pelo nome de "Complexo carbonoso", de onde era extraído o carvão.
Camadas sedimentares do "Complexo Carbonoso" com contramolde de pegada de dinossauro |
A sul da pequena enseada da "Pedra da Nau", olhos atentos conseguem distinguir uma única pegada que se encontra na parte inferior de um bloco calcário.
Trata-se de um contramolde e não de uma pegada propriamente dita, ou seja, a impressão que ficou na camada de sedimentos que cobriu e "preencheu" as cavidades produzidas pela pata no solo. Mede 55 cm de comprimento e 51 cm de largura e está rodeada também por contramoldes de marcas de ondulação.
Aqui pode-se vislumbrar um dos factores necessários para que a fossilização de uma pegada aconteça: uma camada de sedimento cobrir a depressão causada pelo pé/mão do animal, preservando-a.
Contramolde de pegada de dinossauro e marcas de ondulação |
Contramolde de pegada de dinossauro "Complexo Carbonoso" - Cabo Mondego |
A "Laje do Costado" está inserida na formação dos "Calcários hidraulicos" |
Uns metros mais à frente encontramos a "Laje do Costado". Esta laje, embora pertença também ao Oxfordiano é mais recente e pertence à formação dos Calcários Hidráulicos que foram muito utilizados para a extracção de cimento e cal.
É de assinalar as inúmeras e muito perceptíveis fendas de dessecação ou de retracção, formadas devido à forte evaporação, indicando que o solo estava exposto ao ar.
Fendas de dessecação ou de retracção |
"Laje do Costado" com fendas de dessecação e pegadas de dinossauros terópodes |
Das mais de 30 pegadas aqui descobertas, restam apenas uma ou outra pegada isolada mas com muito má preservação e duas pegadas consecutivas. Com dedos finos e longos, medem cerca de 47 cm de comprimento e 48 cm de largura.
Pegada de terópode - icnogénero Megalossauripus "Laje do Costado" - Cabo Mondego |
Às pegadas do Cabo Mondego foi atribuido o icnogénero Megalosauripus, relacionando-as com terópodes semelhantes a Megalossauros - grandes carnívoros bípedes que viveram durante o período Jurássico.
Pegada de terópode - icnogénero Megalossauripus "Laje do Costado" - Cabo Mondego |
O Cabo Mondego foi classificado como Monumento Natural do Cabo Mondego, pelo Decreto Regulamentar n.º 82/2007, de 3 de outubro.
Esta classificação, que pecou por ser tardia, refere o seu interesse científico a nível da paleoicnologia dos dinossauros, mas não só!
Este é um local com um valor extraordinário para se estudar a evolução geológica da Terra ao longo de 50 milhões de anos.
Mas esse é um assunto para um próximo post!
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