Pegadas de dinossauros na Pedreira do Avelino


Pedreira do Avelino - laje com pegadas

Pedreira do Avelino, à 155 milhões de anos atrás.

Cursos de água não muito intensos foram transportando sedimentos, provenientes de locais a maior altitude, até à foz.
Os detritos foram-se acumulando formando uma restinga ou seja, uma barreira arenosa que à medida que se foi completando,  transformou a antiga foz numa laguna de água doce, com pouca ou mesmo nenhuma ligação ao mar.

Neste ambiente calmo, de águas pouco profundas ricas em nutrientes, as margens argilosas da laguna emergiam e submergiam consoante o nível das águas e a taxa de evaporação, que num clima quente como era o da época, podia atingir niveis elevados.

E foi nessas margens lodosas que ao longo de vários milhares de anos alguns dos maiores herbívoros do Jurássico - os Saurópodes, deixaram as marcas da sua passagem.


pegada sauropode
Um pé e uma mão de saurópode.
Estas pegadas fazem parte de dois trilhos diferentes. A impressão de cima é uma mão em forma de crescente mas o dinossauro era de dimensões muito maiores do que o outro que deixou a impressão de baixo referente ao pé.



Os calcários compactos explorados na pedreira do Avelino, assim como em toda a região do Zambujal e utilizados na produção de brita e pedra de cantaria, são calcários lacustres  formados à cerca de 155 milhões de anos, no final do Kimmeridgiano (Jurássico Superior).

Nestes calcários regista-se a presença de organismos marinhos entre os quais as carófitas - algas verdes que ainda hoje vivem nos fundos dos lagos, rios ou riachos, onde predomina a água doce. Apresentam também vestígios de exposição aérea onde a intensa evaporação fez diminuir o volume do material argiloso, provocando fendas de dessecação.

Camadas calcárias nas imediações da jazida

Na Pedreira do Avelino foram encontradas pegadas de saurópodes em várias camadas sedimentares formadas em épocas distintas,  numa sequência  com cerca de 9 metros de espessura.
No entanto apenas uma das camadas, a que contêm as pistas mais bem conservadas, se encontra em exposição no local.
Essa camada, outrora uma superfície horizontal, está representada em dois afloramentos que apresentam uma inclinação considerável, devido às forças tectónicas compressivas que no Miocénico provocaram o levantamento da Serra da Arrábida, dobrando e fracturando as camadas sedimentares.

Avelino Quarry dinossaurs tracks
Pedreira do Avelino - Afloramento maior localizado do lado direito

Nesses afloramentos, separados cerca de 30 metros entre si, encontram-se cinco trilhos de dinossauros saurópodes com tamanhos muito diferentes, já que o comprimento das impressões dos pés vão desde os 30 cm a cerca de 100 cm.


laje com pegadas de sauropodes - Pedreira do Avelino
Pedreira do Avelino - Afloramento mais pequeno localizado do lado esquerdo com pegadas assinaladas a sombreado



Na laje maior, existem quatro trilhos:

A pista que se encontra mais à esquerda (imagem em baixo) é a que apresenta as impressões mais pequenas. As marcas dos pés, de forma oval, têm cerca de 30 cm de comprimento por 25 cm de largura e as marcas das mãos, em forma de meia lua, têm 26 cm de largura por 16 cm de comprimento.
O dinossauro que deixou estas pegadas teria uma altura do solo à anca de cerca de 1,2 m.


Em primeiro plano a pista onde se encontram as pegadas mais pequenas (a sombreado) cujo produtor seria o dinossauro com menores dimensões, possivelmente um juvenil

Do lado direito da laje, encontram-se três pistas bem definidas.

laje com pegadas de sauropodes - Avelino


A pista assinalada a amarelo na figura acima, é aquela cujo "autor" teria maiores dimensões. As marcas de mãos, com forma de crescente, medem em média 46 cm de largura por 30 cm de comprimento. Contudo só se pode aferir o tamanho mas marcas dos pés através de uma única impressão  oval com cerca de 1 metro de comprimento.
Esta dinossauro mediria cerca de 4 metros do solo à anca.

pegada dinossauro sauropode
Impressão da mão do saurópode com maiores dimensões

Todas as pistas desta jazida apresentam duas características comums: 
uma é que são todas do tipo estreito ou seja, a distância entre o eixo da pista e o lado interno das impressões dos pés é muito reduzido- este tipo de pista é conhecido por "narrow-guage"; 
a outra diz respeito à morfologia das pegadas que apresentam rebordos bem definidos provocados pela pressão das patas no solo, mas sem marcas de dedos.

No entanto, as dimensões das impressões divergem em tamanho e a direcção que tomam não obedece a um padrão.



A jazida foi descoberta na década de 1980 e classificada como Monumento Natural em 1997 juntamente com as vizinhas Jazidas de Icnofósseis da Pedra da Mua e dos Lagosteiros

Para lá chegar basta prestar atenção à placa castanha que assinala "Pegadas de dinossauros" colocada num cruzamento da N379 que vai de Santana (Sesimbra) ao Cabo Espichel, entre as povoações de Cova da Raposa e Zambujal de Cima.







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