Pegadas de dinossauros nos Lagosteiros
Há 130 – 136 milhões de Anos, no Cretácico inferior (Hauteriviano), as regiões que vão desde a Ericeira passando por Sintra e Cascais até à região da Arrábida, eram as únicas em todo o território nacional que sofriam influências marinhas.
Mas, ao longo desses seis milhões de anos, o nível do mar foi baixando.
Os calcários recifais, que podemos ver no topo da arriba norte da praia dos Lagosteiros formados num ambiente de mar aberto, passam a calcários mais argilosos, margas (calcários com 35 a 60% de argila) e arenitos, formados numa zona litoral, sob influência das marés.
Os calcários recifais, que podemos ver no topo da arriba norte da praia dos Lagosteiros formados num ambiente de mar aberto, passam a calcários mais argilosos, margas (calcários com 35 a 60% de argila) e arenitos, formados numa zona litoral, sob influência das marés.
É nestes estratos de cor castanho/amarelado, contendo fosseis de bivalves, gastrópodes, algas, entre outros, que também se encontram as pegadas de dinossauros conhecidas por
Jazida de Icnofósseis dos Lagosteiros.
Jazida de Icnofósseis dos Lagosteiros.
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Vista geral da Jazida dos Lagosteiros com a Jazida da Pedra da Mua em segundo plano. |
Esta jazida apresenta vários tipos de trilhos que diferem entre si.
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Jazida dos Lagosteiros - trilho "1" - pertencente a um dinossauro bípede. |
O trilho mais visível na jazida dos Lagosteiros, vamos chamar-lhe trilho "1", pertence a um dinossauro bípede.
Com cerca de 50 metros de comprimento, apresenta 30 impressões com uma forma arredondada, onde não é possível distinguir a morfologia do pé.
Geralmente, este tipo de pegadas não definidas são a marca que a pressão da pata do dinossauro provocou no extracto inferior ao da superfície que ele pisou, e a que se dá o nome de subimpressão ou pegada-fantasma.
Este trilho está interrompido por detritos, ficando assim separado em duas zonas: uma com catorze e a outra com dezasseis impressões.
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Trilho "1" - zona mais a Norte - com algumas pegadas assinaladas a sombreado (em baixo da imagem) |
As medidas destas pegadas, e não podemos esquecer que se trata de subimpressões, têm em média
48 cm de comprimento por 45 cm de largura e a distância percorrida pelo mesmo pé (passada) é em média de 1,95 m.
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Trilho "1" - zona mais a Norte |
O dinossauro que produziu estas pegadas teria cerca de 2,70 m de altura do pé à anca e andaria a uma velocidade lenta estimada em 2,60 Km/h.
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Trilho "1" - zona mais a Sul - com algumas pegadas assinaladas a sombreado (em baixo da imagem) |
As pegadas estão dispostas quase em linha recta, ou melhor, o ângulo formado por três pegadas sucessivas - ângulo de passo - é, neste caso, de 155º estando dentro dos valores atribuídos para os dinossauros bípedes (ângulo de passo de 150 a 180º).
Pode-se pois especular que estes dinossauros seriam do tipo Iguanodontídeos, um grupo de dinossauros herbívoros bípedes, muito abundantes no Cretácico, e que deixaram impressões semelhantes em outras jazidas.
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Pormenor de pegadas do trilho "1" |
Um outro trilho a que chamaremos trilho "2" é constituído por dois conjuntos de pegadas.
Um conjunto apresenta três impressões muito pouco perceptíveis, também atribuídas a um dinossauro bípede, que de deslocaria a uma velocidade baixa.
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Trilho "2" pés e cauda de Iguanodon assinalados a sombreado |
O outro conjunto representa, segundo alguns autores, o que poderão ser as marcas deixadas por um Iguanodon em repouso: duas impressões paralelas que medem cerca de 45 cm de comprimento e 40 cm de largura, que corresponderiam às patas traseiras do dinossauro; e uma outra, com um comprimento de cerca de 1,30 m e 35 cm de largura, que seria a marca da cauda pousada no chão.
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Pormenor das pegadas dos pés do Iguanodon - trilho "2" |
O trilho a que chamaremos trilho "3", pertence a um terópode e está inserido numa zona mais inclinada junto à arriba, onde existem outras pistas com pegadas tridáctilas (com três dedos) juntamente com pistas de impressões arredondadas atribuídas a juvenis.
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Laje com os trilhos de terópodes |
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Trilho "3" de dinossauro terópode
pegadas assinaladas na imagem ao lado
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Em algumas destas impressões são bem visíveis as marcas de três dígitos pontiagudos em que o dedo central está ligeiramente curvado para o interior da pista, notando-se por vezes a marca de garras.
Com valores médios de 30 cm de comprimento e 24 cm de largura, estas pegadas apontam para um dinossauro com 1,45 m do pé até à anca.
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Pegada de terópode no trilho "3" |
Foram atribuídas a dinossauros carnívoros do tipo Megalosauros, sendo que este trilho tem a particularidade de registar a velocidade mais rápida para um terópode em Portugal - 14 Km/h.
O terópode deslocava-se a trote.
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Pegada de terópode no trilho "3" |
Chegar à jazida é fácil, basta seguir mais uns metros para o lado do mar, após o miradouro de onde se observam as pegadas da Pedra da Mua.
A Jazida de Icnofósseis dos Lagosteiros foi classificada em 7 de Maio de 1997 como
Monumento Natural dos Lagosteiros.
Monumento Natural dos Lagosteiros.
Bibliografia:
Dinossáurios Eocretácicos de Lagosteiros
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