Jazida de pegadas de dinossauros na praia de Olhos de Água (Praia da Estrela)
A primeira mensagem deste blogue é dedicada a uma das Jazidas de Pegadas de Dinossauros menos conhecidas do público em geral - a Jazida da Praia de Olhos de Água, a sul da Lagoa de Óbidos.
Quando nos deslocámos ao local, verificámos que o antigo caminho de acesso à praia dos Olhos de Água se encontra vedado ao "comum mortal".
Assim, tem de se continuar até à Praia do Rei Cortiço e daí, pela beira-mar e com a maré baixa, virar a sul até à jazida.
A praia, na zona, é conhecida como Praia da Estrela e não Olhos de Água e a jazida não está assinalada, pelo que, muitos dos que passeiam pelo extenso areal não se apercebem da sua existência.
Durante o tempo que cuidadosamente procedíamos à limpeza de algumas zonas da laje, e talvez devido à presença do nosso equipamento, ou por nos encontrarmos num local inusitado, vários turistas de diferentes nacionalidades abordaram-nos timidamente, curiosos por saber do que se tratava.
Ao saberem da existência de uma jazida com pegadas de dinossauros, notámos nas suas expressões espanto, surpresa e em alguns casos euforia. Surgiram várias perguntas entre as quais se a jazida era uma descoberta recente, visto não haver nenhuma indicação a assinalá-la.
Perante isto, e num pais que depende tanto do turismo, este tipo de jazidas devidamente documentadas, protegidas e divulgadas serão com certeza um pólo de atracção para os que nos visitam.
Laje onde se encontra a jazida
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Durante o tempo que cuidadosamente procedíamos à limpeza de algumas zonas da laje, e talvez devido à presença do nosso equipamento, ou por nos encontrarmos num local inusitado, vários turistas de diferentes nacionalidades abordaram-nos timidamente, curiosos por saber do que se tratava.
Ao saberem da existência de uma jazida com pegadas de dinossauros, notámos nas suas expressões espanto, surpresa e em alguns casos euforia. Surgiram várias perguntas entre as quais se a jazida era uma descoberta recente, visto não haver nenhuma indicação a assinalá-la.
Perante isto, e num pais que depende tanto do turismo, este tipo de jazidas devidamente documentadas, protegidas e divulgadas serão com certeza um pólo de atracção para os que nos visitam.
Pegada de terópode de grande porte |
Pegadas de terópode de grande porte |
A laje onde se encontram as pegadas, foi formada numa zona de delta de um rio, que por aqui desaguava, e que era frequentada por vários tipos de dinossauros que aproveitavam os recursos existentes nas zonas de águas salobras mais baixas e lamacentas.
Na superfície com cerca de 80 metros quadrados, foram identificadas 17 pistas, que contêm um total de 128 pegadas tridáctilas (três dedos).
Pistas de Terópodes de grande porte |
Segundo a orientação das pistas, os grandes terópodes dirigiam-se todos para Sul, não ao mesmo tempo mas em várias ocasiões e, perpendicularmente a eles, passaram ornitópodes, pequenos terópodes e dinossauros não identificados que se dirigiam para Este ou para Oeste.
Porquê? Será que os grandes terópodes vigiavam áreas com água ou outros recursos importantes, frequentemente procuradas por ornitópodes e terópodes de menor porte?
Pistas de Terópodes de grande porte |
As cinco pistas atribuídas a dinossauros do tipo "Iguanodontideo", apresentam pegadas de tamanho médio a grande e forma larga, sendo as impressões dos dedos em forma de elipse e, às vezes, com marcas de pequenas garras.
Estes animais herbívoros, são uma família dos ornitópodes. Quando surgiram eram pequenos, rápidos e usavam apenas as patas traseiras para correr. Com a evolução aumentaram muito de tamanho, chegando alguns a atingir os 15 metros de comprimento e 8 toneladas de peso, e andavam e pastavam em quatro patas se bem que por vezes, para alcançar o topo das árvores ou para correr, assumiam a postura bípede.
Pegada de Iguanodontideo |
Uma destas pistas tem uma característica curiosa pois as passadas estão dispostas em ziguezague e com comprimentos assimétricos. Há uma teoria que sugere que o animal coxeava.
Pistas de Terópodes de grande porte |
Uma pista, pertence a um terópode de médio porte, com pegada de tamanho pequeno a médio e forma ligeiramente alongada, tendo impressões digitais finas com marcas de garras.
Esta pista, de inicio encontra-se dirigida para Este mas de repente, muda de direcção para Oeste e o passo acelera. O dinossauro virou-se e começou a correr em sentido oposto. Será que viu algo que lhe chamou a atenção ou ia a fugir de alguma coisa?
Pegada de terópode de médio porte |
Pegada de terópode de médio porte |
Existem outras pistas mal preservadas pelo que é difícil atribuí-las, com certezas, a determinado tipo de animal.
A laje da Jazida de Dinossauros da praia de Olhos de Água (Praia da Estrela) são do Cretácico Inferior (Aptiano - Albiano) ou seja, têm 125 a 100 milhões de anos, mas como estão muito expostas à erosão, desaparecerão brevemente se não forem protegidas.
A designação dinossauro (lagarto terrível), está há décadas desactualizada, mas todos nós insistimos em utilizá-la. Este termo refere-se a um elevado número de espécies, que habitaram o nosso planeta durante a era Mesozoica, tendo no entanto, alguns deles, diferenças abismais entre si.
A designação torna-se dúbia quando falamos em extinção dos dinossauros.
Poderá parecer prematuro, abordarmos o tema da extinção dos dinossauros, ao mesmo tempo que falamos na jazida da praia da Estrela (Olhos de Água).
A sua idade é estimada num leque de tempo que vai dos 125 aos 100,5 milhões de anos, abrangendo as duas últimas épocas do cretácico inferior.
Isto significa que ainda faltam cerca de 34 milhões de anos para estes ancestrais animais desaparecerem do registo fóssil, o que só terá ocorrido no final do cretácico.
Geologicamente falando, este período de tempo, representa um piscar de olhos, mas ao mesmo tempo, representa também, um enormíssimo número de gerações de dinossauros.
O tema da extinção, surge a quando da segunda visita do Portugal em Pedra à jazida da Praia da Estrela. Foram aqui, por nós avistadas, pequenas marcas tridáctilas, pertencentes a uma ave, provavelmente uma ave marinha. Primeiro avistamos uma, depois outra, e quando olhámos à nossa volta, verificámos que toda a área da jazida se encontrava repleta de pequenas pegadas na areia, endurecida pelo salitre e humidade do mar.
Muitas destas pequenas impressões construíam trilhos que se cruzavam com as pegadas ancestrais que queríamos documentar. Torna-se até um pouco romântico saber, que por aquele mesmo local, dois animais que nunca vimos, deixaram ali as suas marcas, mas com um intervalo de tempo de pelo menos 100 milhões de anos.
O que nos causou estranheza, foi a inegável semelhança entre as duas pegadas, a de um dinossauro extinto e de uma ave actual. Isto leva-nos a repensar alguns conceitos, amplamente estabelecidos, sobre a extinção dos dinossauros,que se deu há 66 milhões de anos, durante uma das várias extinções em massa, que ocorreram na história geológica do nosso planeta.
A partir daqui, muitas teorias surgiram, fazendo furor nas carreiras dos paleontólogos de todo o mundo. A mais difundida, será certamente a queda na península do Yucatan de um grande objecto vindo do espaço, que espalhou irídio na camada de fronteira e dizimou os dinossauros, de um dia para o outro. Outra refere-se a actividade vulcânica ao nível global, com especial incidência na India, que intoxicou o ar, levando os dinossauros á extinção. As teorias mais recentes referem a migração de dinossauros de um ecossistema para outro, levando consigo agentes patogénicos, que se tornaram fatais, devido ao seu sistema imunológico não estar preparado para se defender dessas novas doenças.
Ao olhar para estas duas imagens, que captamos na jazida da Praia da Estrela em Óbidos, faz-nos duvidar se os dinossauros realmente se extinguiram. Certo é, que hoje não vejo a pastar nos nossos prados nenhum Iguanodonte, que foi um dos animais mais bem sucedidos e numerosos, durante o cretácico. Nem vejo nenhum T-Rex ou um Megalossauros a banquetear-se com o nosso gado, ou uma qualquer espécie de saurópode a mordiscar as nossas árvores. No entanto vejo pombos a sujar com os seus dejectos os nossos algerozes, pardais de telhado em busca das nossas migalhas, e perus e galinhas nas nossas quintas e aviários.
À esquerda - trilho de dinossauro terópode À direita - trilho de ave (ampliado) |
A nossa conclusão é que nem todas as espécies de animais que designamos de dinossauros, se extinguiram.
Algumas espécies conseguiram perpetuar a sua herança genética até aos dias de hoje. Assim, gracejando um pouco, poderei dizer aos nossos leitores, que o meu almoço de hoje, foi um dinossauro no forno.
CLIQUE na imagem acima e veja o video desta Jazida no YouTube
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Bibliografia:
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